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Quando ouvi falar pela primeira vez de “Flâneuse”, de Lauren Elkin, sabia que era um livro escrito pra mim. A obra, uma mistura de autobiografia e análise literária e histórica, é um convite para redescobrir a cidade sob a perspectiva da mulher que caminha — a flâneuse.
O conceito, inspirado no flâneur francês, caracteriza o observador urbano, aquele que se perde em ruas e vielas, encontrando beleza nos detalhes do cotidiano. Elkin nota que as representações dessa figura na literatura são essencialmente masculinas: o homem que caminha sem destino certo e carrega o direito inato de ir e vir sem que o notem ou o questionem.
Se colocar nesse mundo, na própria cidade ou nas cidades dos outros, então, se torna um ato de resistência, uma afirmação de que, apesar das barreiras, somos capazes de encontrar nosso lugar nesse espaço tão masculino.
Ao longo da leitura, Elkin mescla suas próprias experiências com as de outras mulheres que buscaram uma conexão com o espaço urbano e com elas mesmas. Ela mostra como as caminhadas ajudaram Virginia Woolf a alimentar sua imaginação e sua escrita. Em Veneza, conta como Sophie Calle seguiu um homem pelos becos, refletindo sobre a natureza da observação e a intimidade compartilhada com estranhos.
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As ruas são palcos de descoberta e autodescoberta, espaços onde podemos desafiar convenções e reivindicar nossa liberdade.