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Jornalismo e Reportagem

Produção de conteúdo: o que aprendi em 12 anos de blog de viagem

Em outubro de 2011, eu e dois amigos apertamos o botão publicar em um post num blog com layout feio hospedado no blogspot e, assim, sem ter ideia disso na época, comecei minha carreira de produtora de conteúdo que dura até hoje.

O que começou como um diário de viagem de três jovens jornalistas se transformou em uma referência no nicho. O 360meridianos me permitiu continuar viajando e trabalhando da estrada, escrever livros, lançar um selo literário, dar palestras em eventos internacionais, vender pacotes de viagem exclusivos e conhecer um monte de gente legal pelo caminho.

Ao longo desse tempo, eu também testemunhei – e tive que me adaptar – um montão de mudanças nos blogs, redes sociais e na internet em geral. E, pelo que os primeiros meses desse ano já mostraram, vem muito mais por aí.

Veja agora alguns dos principais aprendizados que tive em mais de uma década de blog de viagem e produzindo conteúdo para a internet.

Leia também:
Como usar o Pinterest na sua produção de conteúdo
As lições de Amanda Palmer para a produção de conteúdo

1. Não construa em terreno alugado

Em pouco mais de uma década, eu já vi redes sociais explodirem e morrerem e vi hypes serem solenemente esquecidos e vi bilionário mimado destruir a rede favorita de muita gente.

Utilizar as redes sociais é uma forma excelente de mostrar seu trabalho para o mundo e construir uma audiência, mas lembre-se de que as plataformas não são suas: são terrenos alugados. E todo mundo que já morou em casa alugada sabe da ameaça constante que é o proprietário aparecer do nada e pedir o imóvel de volta.

Na internet, há duas maneiras de ter uma casa própria: ter um site e uma lista de e-mails. Se você não escreve para a internet, o site pode servir como um portfólio digital que vai agregar os conteúdos que você produzir para outras redes, por exemplo.

Já a lista de e-mails é a melhor forma de transformar seus seguidores em contatos permanentes, que você pode exportar para uma planilha de excel e levar com você aonde você for.

Fotografando em uma press trip na Ilha de Deus, Recife
Gravando um reel em Naxos, Grécia

2. As histórias são o seu maior recurso

Não importa se você produz em texto, vídeo ou fotografia, são as histórias que vão fazer as pessoas se apaixonarem pelo seu trabalho e retornarem sempre para ver o que você tem feito.

As histórias têm o poder de se conectar com as pessoas de uma maneira que os fatos e as estatísticas não conseguem. Como produtor de conteúdo, você é, acima de tudo, um contador de histórias. Use a narrativa para dar vida ao seu conteúdo e criar uma conexão emocional.

Não há equipamento caro que supere o poder de uma boa história.

3. Você não precisa estar em todos os lugares, não importa o que te digam

Quando eu comecei a produzir conteúdo, ficava muito ansiosa toda vez que saia uma novidade na internet, porque eu sentia que precisava ocupar todos os espaços para ser vista.

Hoje, sei que isso não é verdade e que tentar abraçar todas as redes e plataformas é o caminho mais curto para o burnout.

Tenha claro quais são seus objetivos e seu público alvo e escolha seus canais de comunicação de forma estratégica. É preciso direcionar nossos esforços para as plataformas que melhor atendem as nossas necessidades.

4. Autenticidade é a chave

No mundo digital de hoje, ser fiel a quem você é e acredita é o seu maior trunfo. As pessoas estão procurando histórias e perspectivas reais, não cópias do que já está disponível. Seja autêntico em seu trabalho e sua voz será ouvida.

A autenticidade também tem a ver com a originalidade. Em um mundo onde a informação é abundante, as pessoas buscam perspectivas únicas e originais, não reembalagens do que já existe. Quando você é autêntico, não está apenas repetindo o que outros já disseram, está partilhando sua própria visão, experiências e aprendizados. Isso não apenas enriquece a conversa, mas também estabelece você como uma voz única e valiosa no campo.

Leia também: A Arte de Pedir, de Amanda Palmer, no universo da Produção de Conteúdo

5. Viralizar nem sempre é sinal de sucesso

Ao longo desses anos, eu já publiquei alguns conteúdos que chamaram a atenção das pessoas e saíram da minha bolha. Em boa parte dessas vezes, foi uma “viralização controlada”, em que eu acabei alcançando novas pessoas que se interessaram pelo meu trabalho, mas ainda não me conheciam. Considero que essas foram viralizações positivas. 

O momento em que eu mais me tornei viral, no entanto, foi quando publiquei uma fofoca no Twitter. Talvez você se lembre da história do homem debaixo da cama

Essa thread despretenciosa correu a internet há alguns anos, teve 17 mil retweets, 19 mil comentários (incluindo gente famosa como o Guga Chacra e a Maria Rita) e 58 mil curtidas. Meu nome saiu em vários veículos de mídia e as pessoas gravaram curtas para o youtube com a história. 

Essa exposição me trouxe muitos novos seguidores. O problema é que eles só estavam ali por um interesse pontual. Assim que meus 15 minutos de fama tiveram fim, essas pessoas não engajaram mais com o meu conteúdo, porque elas não estavam interessadas nos assuntos que eu abordava constantemente. 

Viralizar significa que seu conteúdo será visto por muitas pessoas, incluindo aquelas que podem não ser seu público-alvo. E isso pode jogar as suas métricas de engajamento lá embaixo e te deixar com números fantasmas. 

Depender do efeito viral para manter relevância pode ser uma estratégia de curto prazo, mas raramente é sustentável a longo prazo. O foco deve estar na criação de conteúdo de qualidade consistente que cative e fidelize seu público.

Até hoje, são os seguidores que eu conquistei de pouquinho em pouquinho, produzindo com consistência que realmente formaram uma comunidade em torno do meu conteúdo. 

6. Não adianta nadar contra a corrente

O mundo do conteúdo está em constante mudança. Novas plataformas, tendências e algoritmos surgem regularmente. Nem sempre nós vamos gostar ou querer abraçar essas mudanças de cara.

Um exemplo que vivi na pele foi a necessidade de escrever seguindo todas as regras dos mecanismos de busca. Como alguém que ama escrita criativa, essa foi uma mudança da internet com a qual eu sofro até hoje, mas já entendi que o mundo digital é dinâmico e a forma como as pessoas consomem conteúdo em blogs hoje em dia não é a mesma que quando eu comecei.

Adaptar-se à corrente não significa se perder na multidão ou se comprometer com a última moda. É saber reconhecer e aceitar as mudanças, avaliando como elas afetam você e seu trabalho, e ajustando suas estratégias e práticas de acordo. É preciso ser flexível e estar disposto a aprender, crescer e evoluir para permanecer relevante.

7. Consistência gera confiança

A consistência é um elemento fundamental na construção de uma relação de confiança com o seu público. Muito melhor do que criar um calendário editorial abarrotado que vai te deixar exausto em poucas semanas, é muito melhor se comprometer com um volume sustentável de conteúdo, possível de executar a longo prazo.

Mas a frequência é apenas um dos aspectos da consistência. Produtores também se beneficiam da consistência na qualidade e no estilo do que é produzido.

Cada peça de conteúdo que você cria deve fornecer valor ao seu público, seja através de informações, entretenimento ou inspiração. Quando o público sabe que pode contar com você para fornecer conteúdo de alta qualidade, ele retornará, criando uma base de seguidores fiéis.

Manter um estilo consistente ajuda a definir sua marca e estabelecer sua identidade única no universo do conteúdo digital. Isso não significa que você não possa experimentar novos formatos ou abordagens, mas deve haver um fio condutor em seu trabalho que reflita sua voz e visão únicas.

8. Colabore com outros produtores

Em um mundo cada vez mais interconectado, a capacidade de trabalhar efetivamente com outros criadores de conteúdo pode não apenas ampliar seu alcance, mas também enriquecer seu trabalho com novas perspectivas e ideias.

A colaboração é uma excelente maneira de aprender e crescer como criador de conteúdo. Cada pessoa com quem você colabora traz suas próprias experiências, habilidades e pontos de vista. Ao trabalhar juntos, você pode aprender uns com os outros, desafiar-se e inspirar-se mutuamente. Isso pode levar a novas ideias, abordagens inovadoras e melhorias na qualidade do seu conteúdo.

Cada vez que eu participo de um evento, seminário ou conversas descompromissadas com outros blogueiros de viagem, saio com a motivação renovada, a inspiração no talo e muita vontade de colocar em prática os novos aprendizados que adquiri naquela oportunidade.

9. Foque naquilo que você pode controlar

Criar um público leva tempo, em especial quando você está começando. Não desanime se os resultados não vierem imediatamente. Principalmente no início, concentre-se mais em produzir conteúdo de qualidade do que no seu número de seguidores.

Se você fizer um bom trabalho, os resultados vão chegar naturalmente.

10. Faça testes

Tente várias coisas diferentes, coloque suas ideias em prática. Algumas delas vão dar errado. Algumas delas vão funcionar, mas você vai descobrir que não gosta de seguir por aquele caminho. Outras vão exigir algumas mudanças para que funcionem melhor.

Nesse caminho, as métricas e dados serão seus melhores amigos.

Os dados fornecem insights objetivos sobre o que está funcionando e o que precisa ser melhorado. Eles podem revelar padrões e tendências que você pode não ter percebido. Por exemplo, talvez você descubra que seu público responde melhor a um determinado tipo de conteúdo ou que suas postagens obtêm mais engajamento em um determinado dia da semana ou horário. Essas informações podem ajudar a orientar suas decisões e estratégias de conteúdo.

11. Invista em si mesmo

Quando as coisas começarem a dar certo, não se acomode.

Continue aprendendo e aprimorando suas habilidades. Lembre-se que o ambiente virtual é extremamente dinâmico. Investir em sua educação e desenvolvimento é fundamental para o sucesso a longo prazo.

12. Lembre-se de porque você começou

Cada criador de conteúdo tem uma razão única para começar. Talvez fosse uma paixão por um tópico específico, o desejo de compartilhar suas ideias e experiências, a necessidade de se conectar com outras pessoas ou simplesmente a alegria de criar.

Essa razão – ou conjunto de razões – é o que nos impulsiona, o que nos motiva a continuar mesmo quando as coisas ficam difíceis. É a essência do nosso trabalho, o coração do que fazemos.

Mas é fácil se perder na rotina e esquecer do porquê você começou a criar conteúdo. Lembre-se de sua paixão e propósito, eles irão mantê-lo motivado durante os momentos difíceis.

13. Tá tudo bem desistir

E embora a resiliência e a persistência sejam qualidades importantes, é igualmente importante reconhecer que, às vezes, o melhor pra gente é deixar pra lá.

Saber desistir indica maturidade e autoconhecimento. É um reconhecimento de que algo não está mais servindo a você, não está alinhado com seus valores, ou não está contribuindo para o seu crescimento e bem-estar.

Talvez você tenha começado um tipo de conteúdo ou uma plataforma que inicialmente parecia promissora, mas agora está drenando sua energia e criatividade.

Desistir de algo que não está funcionando também abre espaço para novas possibilidades. Libera tempo, energia e recursos que podem ser direcionados para outras oportunidades que podem ser mais gratificantes, produtivas e alinhadas com seus objetivos e valores.

Eu te ajudo a cair na estrada também!

Nos links abaixo há alguns serviços que eu utilizo e que me ajudam muito em minhas viagens.

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Natália Becattini

Sou jornalista, escritora e nômade digital. Atuo como Publisher Independente desde 2010 e sou especialista em Escrita Criativa, Estratégia de Conteúdo Digital e Jornalismo de Viagem. Sou co-criadora do renomado blog de viagens 360meridianos, LinkedIn Top Voice 2024, e autora da newsletter Migraciones. Nas redes sociais, atendo sempre pela arroba @natybecattini.

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