Quando eu cheguei em Budapeste, esperava encontrar tudo o que se espera de uma capital europeia no verão: multiculturalismo, espaços vibrantes, arte nas ruas e uma cena cultural rica e diversa. Mas a cidade que encontrei estava silenciosa, não no volume, mas no espírito.
Durante minha estadia, me lembrei muito de um livro do filósofo Georges Didi-Huberman: A Sobrevivência dos Vagalumes. Nele, o autor usa a imagem dos vagalumes, seres pequenos, frágeis, mas que ainda brilham na escuridão, como metáfora para as manifestações de resistência em tempos de opressão. Fiz uma resenha completa dele aqui.
Budapeste me pareceu assim: uma cidade onde os holofotes do poder querem apagar cada brilho independente. Mas eles ainda existem, mesmo que escondidos.
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Ao contrário de outras cidades europeias como Berlim, Barcelona ou Atenas, onde a política transborda das paredes e se mistura com o cotidiano, Budapeste me pareceu anestesiada. Nenhum pôster de protesto, nenhum mural que denuncie desigualdades, nenhum grito nos muros.
A ausência de politização no dia a dia urbano não é casual. Ela é sintoma de um projeto autoritário em curso há anos.
Para conhecer melhor a arte de rua que ainda resiste em Budapeste, há um passeio que te leva pelos principais murais da cidade. Veja aqui.
Desde 2010, o primeiro-ministro Viktor Orbán comanda a Hungria com mãos cada vez mais autoritárias. Seu partido, Fidesz, consolidou um sistema que mistura nacionalismo, xenofobia e controle institucional. Ele já foi comparado a líderes da nova direita populista, mas talvez tenha ido ainda mais longe.
Orbán:
Em abril de 2022, ele foi reeleito para mais oito anos no poder. Com 54% dos votos, garantiu maioria no Parlamento e na narrativa nacional.
Um dos pontos mais turísticos da cidade, o bairro judeu de Budapeste, já foi lar de resistência cultural, arte independente e efervescência boêmia. Hoje, parece um playground para turistas europeus em busca de cerveja barata.
O que antes era espaço de intelectuais e artistas virou palco para despedidas de solteiro de hordas de ingleses, festas patrocinadas e consumo acelerado. Sem falar no avanço da gentrificação que teima em deixar tudo com cara de shopping.
No distrito 8, o cenário é parecido. Prédios históricos do pré-guerra estão sendo demolidos para dar lugar a complexos residenciais envidraçados. Os guindastes viraram parte do skyline. Os famosos ruin pubs, que já foram símbolo de uma Budapeste criativa e resiliente, estão sendo engolidos por essa onda.
Se você for passar por lá, talvez te interesse fazer um free walking tour pelo Bairro Judeu para entender melhor essa história.
Resistindo a tudo isso, ainda existem focos de resistência. Um deles é o Gólán, um centro comunitário criado por artistas e ativistas que, após perder seu espaço original, reconstruiu uma nova sede com a ajuda de financiamento coletivo e voluntariado.
Eles promovem exibições de filmes, feiras artesanais e discussões públicas, mesmo com as dificuldades impostas por uma lei de 2017 que obriga os bares a fecharem às 22h nos bairros centrais. Para muitos, essa medida é uma tentativa de matar financeiramente os espaços independentes.
Se você quer viver uma Budapeste mais autêntica, longe das multidões turísticas e mais próxima da vida local, minha dica é procurar hospedagens em bairros como:
Prefira pequenos apartamentos, pensões familiares ou hostels independentes: eles costumam ter mais cara de casa e oferecem um contato mais próximo com o cotidiano húngaro.
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Viajar também é aprender a observar o que não está nos guias. Budapeste é bela, sim. Mas é também uma aula sobre como o autoritarismo pode se infiltrar na vida urbana, transformando cultura em produto e resistência em silêncio.
Se você quer conhecer a cidade de verdade, procure espaços como o Gólán e outras alternativas que buscam manter viva a chama cultural e a diversidade na cidade. Elas ainda estão lá, apesar de tudo!
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