Haruki Murakami concebeu o romance Norwegian Woods durante uma viagem pela Europa. Utilizando um caderno barato e uma caneta bic, ele escreveu de mesas de cafés, bancos de ferry boats, sombras em parques, salas de espera de aeroportos e de mesas de hotéis chinfrins.
Com um escritório portátil, o nomadismo literário lhe rendeu sua obra-prima, e seu primeiro best-seller permitiu que ele se dedicasse apenas à literatura.
A palavra escritório vem do latim: quer dizer lugar de escrita. Em espanhol, significa escrivaninha. Que, vejam só, também significa lugar de escrita, se a gente parar para pensar.
Quando eu quietei o facho por causa pandemia, transformei um quarto vazio da casa de BH em um escritório. Busquei referências no Pinterest, pintei uma parede de azul e enchi umas quatro prateleiras de livros. Paguei caro em uma cadeira confortável. Os gatos destruíram o estofado em poucas semanas, mas ela continua sendo um alívio para as minhas costas. Ganhei um mapa-mundi de madeira no mesmo natal que quase passei sozinha, trancada em outro quarto por ter contraído Covid. Até hoje o mapa está pregado na parede do escritório, completando a decoração.
Mas a estabilidade durou pouco. Assim que julguei razoável entrar em um avião outra vez, coloquei tudo de importante em uma mochilinha vermelha e mudei a mala, a cuia e meu lugar de escrita para a Bahia.
Meu escritorio cabe nessa mochila:
De Itacaré, primeiro trabalhei em uma mesa minúscula em um estúdio minúsculo que mal tinha espaço entre o lugar onde eu dormia e o lugar que eu usava para escrever. A cadeira era daquelas formadas por pequenas ripas de madeira, com espaço de uns 10 cm entre elas, e o encosto em 120° que parece que foi feito para ninguém se encostar. Terminava o dia de trabalho com a bunda marcada igual uma zebra e com a coluna encurvada tal qual um camarão.
Depois, fui para uma casa maior. Tinha um sofá-cama enorme e uma mesa pequenininha, mais o balcão da cozinha, que dava para o gasto. Trabalhava de todos os espaços possíveis, ou de onde a curva do sol da Bahia me obrigasse a ficar naquela hora específica do dia.
Uma coisa que a gente entende logo que começa a levar o trabalho para a estrada é que a maior parte dos apartamentos para temporada não tem uma mesa e cadeira decente. Nem para tomar um café da manhã sossegado, quanto mais para passar horas concentrado.
Hoje sou mais exigente. Ou a lombar 30+ me obriga a ser. Quando vou escolher um apartamento, a primeira coisa que eu olho é se o quarto é separado da cozinha e se tem uma mesa legal. Pode até ser a de jantar.
Mas já trabalhei de muito lugar alternativo, para dizer o mínimo: deitada em dormitório para 16 pessoas de um hostel em Santa Marta; me embebedando com espumante em salas VIPs de aeroporto; de uma birosca num parque de Lisboa; comendo comida francesa em um bouchon em Lyon; sentada na cama com o computador no colo em um hotel barato na Índia; sentada no chão, com o computador no colo em um aeroporto pequeno e lotado depois que um voo atrasou.
Com a internet ocupando absolutamente todos lugares, já trabalhei a 30 mil pés de altura, de dentro de um avião. E, correndo o risco de me transformar em um clichê de banco de imagens, até de uma barraca de praia, com o pé na areia e o mar azul da Bahia na frente eu já trabalhei.
Dependendo das circunstâncias e do meu orçamento, meu lugar de dormir vira também meu lugar de escrever, por mais que eu tente evitar. Perrengue, mas ainda tem valido a pena. Já se a grana e o tempo permitem, tento uma vez por semana trabalhar de cafés, porque faz falta caminhar ouvindo música até o trabalho e poder enrolar enquanto toma um café. Por um tempo, cheguei a pagar um co-working e, em outro momento da vida, fui eu mesma o meu próprio co-working, trabalhando junto de amigos.
Com tanto movimento, aprendi que esse espaço de trabalho é mais processo e menos parede.
As rotinas, a disciplina, uma agenda organizada, um bom planejamento semanal, calendário colorido, muitas listas e um fone com cancelamento ativo de ruído são os rituais que me transportam para o meu lugar de escrita, para o escritório que pode ser na praia, mas também na rua, na fazenda ou numa casinha de sapê.
Só na chuva que não. Até agora.
Seja lá onde você resolver armar seu escritório dessa vez, é importante fazer isso com segurança.
Nesses 12 anos de estrada, eu já:
Por isso, a última coisa que eu quero é estar em um país estrangeiro sem cobertura médica. Já pensou a dor de cabeça?
Eu não saio do Brasil sem ativar minha cobertura do Safety Wing, um seguro médico de viagem criado por nômades para nômades.
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O Nomads Insurance tem cobertura para 185 países e pagamentos mensais que cabem no orçamento, ele oferecem a possiblidade de adquirir uma apólice mesmo se sua viagem já tiver começado, liberdade para pausar em qualquer momento e retomar a cobertura com flexibilidade.
Disclaimer: Esse texto foi um desafio proposto pelo Safety Wing, seguro de viagens para nômades digitais do qual sou embaixadora.
A ideia era mostrar em fotografias um pouquinho do meu escritório portátil para vocês.
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