10 dicas de criatividade em Roube como um Artista
By Natália Becattini
“Todo conselho é autobiográfico”. É assim que Austin Kleon começa Roube Como um Artista, uma compilação de coisas que ele gostaria de ter dito a ele mesmo aos 19 anos, quando começou sua caminhada pelo mundo da arte e da criatividade.
Curtinho e lúdico, o livro pode ser lido numa sentada para um café. Apesar disso, há muito ali para quem está disposto a criar — com pincéis, palavras, câmeras ou acordes -, mas se sente perdido, sem saber por onde começar.
Acho que a principal lição que fica após a leitura de Roube como um artista é que a criatividade não é um dom, é uma chave que pode ativada por qualquer pessoa que se empenhar em fazê-lo, fruto de trabalho consistente e aprendizado contínuo. Afinal, todo mundo pode olhar para o mundo de uma forma diferente e descobrir algo novo.=
Nada é original. Se entendermos isso, podemos parar de gastar energia tentando reinventar a roda e começar a roubar ideias. Mas calma! Não é para sair copiando o que alguém já fez. Roube como um artista todas as ideias que te parecerem interessantes, seja um colecionador. Depois, misture tudo dentro de você e coloque no mundo o resultado disso. E esse resultado deve transcender a soma das partes.
Para ilustrar esse conselho, Kleon usa o exemplo da genética. Você nada mais é que os genes somados do seu pai e da sua mãe. No entanto, é um ser humano único, maior que a simples mistura dos seus progenitores. Assim como há a genealogia familiar, há uma genealogia de ideias. A diferença é que, nesse caso, você tem o poder de selecionar os genes: as músicas, filmes e livros que vão formar sua árvore criativa.
“Você é a soma das suas influências”
Por isso, roube tudo o que parecer interessante. Escolha seu artista favorito e descubra tudo sobre ele. Descubra quem o influenciou e devore informações sobre essas pessoas também. Vá subindo os degraus dessa árvore genealógica o mais alto que der.
Faça dessa pesquisa uma educação informal. Investigue cada referência, mergulhe fundo não apenas nos trabalhos das pessoas que você admira, mas nos conceitos e estruturas por trás desses trabalhos. O Google está aí para isso.
Tenha sempre um caderno e uma caneta com você. Esse conselho aparece repetidamente no livro e parece ser uma das bases do processo criativo de Austin Kleon, descrito em Roube como um Artista. Anote tudo que te parecer interessante: passagens de livro, versos de música, diálogos, pensamentos e observações.
Monte um arquivo para os seus furtos, para que você possa acessá-los mais tarde. A forma como você vai fazer isso depende de você: use a câmera do celular ou um caderno de colagens, whatever works. Coincidência ou não, eu já faço isso há alguns anos, e uso o Notion, para organizar meus furtos: eu capturo coisas da web com a extensão WebClipper e digitalizo coisas da vida real com a câmera do celular.
“Você está pronto. Comece a fazer”
É comum que a gente se sinta como um impostor quando começamos a fazer alguma coisa. A gente se sente incapaz de internalizar nossas realizações, como se não tivéssemos a menor ideia do que estamos fazendo e estivéssemos apenas enganando todo mundo. A novidade é que ninguém sabe o que está fazendo.
Por isso, finja até conseguir. Finja que está fazendo algo e, em algum momento, você vai de fato fazer esse algo. Comece copiando seus artistas favoritos, você vai falhar nessa tentativa e, aos poucos, vai moldar sua própria voz. Até os Beatles começaram como uma banda cover.
“Queremos que você pegue de nós. Queremos, primeiro, que você roube de nós porque você não sabe roubar. Você vai pegar o que damos e colocar na sua própria voz, e é assim que encontrará sua voz. É assim que se começa. E então um dia alguém vai roubar de você.”
– Francis Ford Coppola
Esqueça aquele conselho que te deram sobre escrever sobre o que você conhece. Escreva sobre o que você gosta. Escreva aquilo que você quer ver publicado.
“Não sabemos de onde nossas ideias vêm, só sabemos que elas não vêm dos nossos laptops”
– John Cleese
Reserve um tempo para escrever, desenhar ou fazer o que for que você faça longe da tela. Transforme seu corpo em um instrumento do seu trabalho. A ação e o movimento são disparadores para o cérebro. Ajudam nossa cabeça a pensar. O computador é ótimo para editar e preparar suas ideias para o mundo, mas não é tão bom para gerá-las, porque começamos a editá-las antes de tê-las. Quantas vezes você já não começou a escrever uma frase e a apagou antes que chegasse ao ponto final? Vá para o computador apenas quando sua ideia já estiver lapidada.
São aquelas coisas que você achou que eram apenas uma distração, uma brincadeira, que realmente decolam. Aquilo que você faz quando está enrolando é o que você deveria estar fazendo. Tenha vários projetos e vá alternando entre eles quando se sentir cansado. Não jogue fora nada. Tenha hobbies também, coisas que você faz não para ganhar fama e dinheiro, mas apenas porque te fazem feliz. Mantenha todas as suas paixões na sua vida. E, claro, não se esqueça de ter um tempo para se sentir entediado. Ficar sem fazer nada é um importante combustível para a criatividade.
Essa é a fórmula não-tão-secreta do sucesso. Trabalhe todos os dias, aprenda, pesquise, melhore. Depois, coloque seu trabalho na internet. Tenha um blog, uma página no Facebook, uma conta no Twitter. Compartilhe as coisas que te inspiram, mostre um pouco do seu processo criativo. Dê algo que faça as pessoas prestarem atenção em você.
Nós não precisamos mais estar nos locais onde tudo acontece para que algo aconteça nas nossas vidas. Porque o lugar onde tudo acontece é a internet. Podemos acessá-la de qualquer vilazinha perdida do mundo. Crie seu próprio mundo. Conecte-se com pessoas criativas que moram a quilômetros de distância pelo Twitter. Cerque-se das coisas que você ama.
Saia de casa. Tire seu cérebro da rotina a qual ele está acostumado. Cause um pouco de desconforto a si mesmo. Faça o mundo parecer algo inteiramente novo. Viaje, conheça culturas, gastronomias e pessoas. Conviva com gente interessante.
Faça amigos. Muitos deles. Seja gentil com as pessoas nesse mundo hiperconectado, onde parece que todo mundo esqueceu as regras de gentileza. Ignore inimigos. Não fale sobre eles. Bloqueie trolls e gente desagradável. Fique perto do talento: você será tão bom quanto as pessoas que te cercam. Siga quem é bom, quem faz os trabalhos realmente interessantes. Veja o que elas estão fazendo, lendo e compartilhando em suas contas e blogs. Inspire-se em quem é melhor que você e pare de arrumar briga no twitter. Kleon também sugere que você escreva cartas para essas pessoas que você admira e publique em redes sociais ou blogs. Talvez elas leiam o que escreveu, talvez não. Talvez daí surjam parcerias e amizades, talvez não.
Pare de se preocupar com o que as pessoas acham do seu trabalho. Você não tem nenhum poder sobre isso. A única coisa que você pode fazer é dar o melhor de si. Ocupe-se o suficiente para que você não tenha tempo de se importar com isso.
Por outro lado, mantenha um arquivo com os elogios que você receber. Quando se sentir desanimado, recorra a esse arquivo para levantar sua moral. Apague imediatamente as críticas destrutivas e ataques pessoais.
O mito do gênio criativo desajustado e inconsequente que morre de overdose aos 27 está ultrapassado. Criar exige muita energia e você não pode desperdiçá-la com drogas, festas sete dias por semana e atitudes auto-destrutivas. Coma bem, durma oito horas por dia, faça exercícios físicos, acorde cedo.
Trabalhe nos seus projetos de forma consistente, todos os dias, sem folga ou desculpas. Planeje-se. Tenha objetivos e prazos concretos. Tenha um diário de bordo e um calendário para manter um registro do seu progresso. Evite se endividar para que dinheiro não se torne uma torneira por onde pinga sua energia e disposição. Reduza seu custo de vida ao máximo e viva dentro das suas possibilidades.
Concentre-se no que é importante. Restrinja suas possibilidades para saber para onde você está indo. Uma forma de superar bloqueios criativos é impondo-se algumas restrições. Escreva um conto com um tempo cronometrado. Restrinja o número ou o tipo de palavras que você pode usar. Componha uma música com uma quantidade limitada de acordes. Pinte com uma única cor. Faça as coisas com o tempo e o material que você tem no momento. Limitação é liberdade.
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E você, também leu Roube como um Artista? Quais as dicas você considera mais importantes?
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