No século 19, as tropas napoleônicas varriam a Europa. De território em território, tomaram a Espanha. Era inevitável que, em algum momento, fossem parar em San Sebastián e destruíssem a cidade com um incêndio. E assim foi. Quando marchavam pelas ruas, os soldados tocavam seus tambores, lembrando a todos de sua presença.
Também era costume na época que as mulheres fossem buscar água nas fontes. No caminho, ouviam as batidas dos franceses e respondiam, como uma forma de desafio e resistência, batendo em suas moringas.
De protesto, a guerra de percussões se tornou tradição. Todos os anos, à meia noite em ponto do dia 20 de janeiro, dia do patrono da cidade, milhares de pessoas se reúnem na Praça de la Constituición, no centro histórico de San Sebastián para ver o prefeito hastear a bandeira da cidade e os tambores começarem a soar.
Pelas próximas 24 horas, sempre haverá, em algum ponto da cidade, uma tamborada tocando as marchas tradicionais de San Sebastián.
Leia também: As tabernas do povo do País Basco
A festa envolve todo mundo. São 15.000 donostiarras (como são chamados os nativos dali) e 100 bandas diferentes percorrendo as ruas com seus tambores e barris. E eles são muito fiéis às tradições. Quem participa das tamboradas se veste de acordo.
Os que levam os tambores se fantasiam de soldados franceses. As mulheres que levam os barris se vestem de camponesas, com as roupas tradicionais bascas, mas também podem aparecer, junto com os homens de cozinheiras. Isso porque as Sociedades Culinárias dali são grandes responsáveis pelo sucesso do evento. Foram delas que surgiram a maior parte das bandas.
As tamboradas são formadas por algo entre 20 – 50 tambores e entre 50 – 100 barris, acompanhados de uma banda musical e um porta-bandeiras. Em algumas, nas mais tradicionais, as mulheres não podem tocar, seguem a banda atrás, levando objetos tradicionais e de cozinha.
Em outras, elas só podem tocar o barril. Esses costumes, no entanto, estão enfraquecendo e cada vez mais as bandas se abrem para elas. As crianças também participam da festa: a manhã dos dia 20 pertencem a eles. Cada escola local tem sua própria tamborada e é lá que eles aprendem desde cedo a tocar os instrumentos e a cantar as músicas que dão ritmo à celebração.
Durante todo o dia de San Sebastián, as únicas marchas que podem soar são as tradicionais. Nos últimos minutos do dia, a multidão volta a se reunir na Plaza de la Constituición e a bandeira é baixada, dando fim ao evento. A partir daí, tudo é permitido e as ruas viram pura festa.
Disclaimer: esse post foi publicado originalmente no 360meridianos e foi retirado do ar em uma auditoria de conteúdo. Como não queria que ele sumisse da internet, trouxe ele pra cá.
Eu te ajudo a cair na estrada também!Nos links abaixo há alguns serviços que eu utilizo e que me ajudam muito em minhas viagens. |
Você já sentiu uma vontade imensa de fazer algo que realmente tenha um impacto positivo…
Já virou mania: todos os dias, no caminho para o meu curso de espanhol, eu…
O zoológico de Buenos Aires foi fechado e transformado em um parque ecológico. A decisão,…
A ideia de que As Veias Abertas da América Latina deveria ser leitura obrigatória no…
Não sei explicar porque eu viajo. A gente vê, curte e compartilha esse monte de…
As viagens são muitas vezes vendidas como cura para todos os problemas da humanidade. Mas…
This website uses cookies.
View Comments
Fiquei curioso, você poderia falar mais sobre a tal 'auditoria de conteúdo'? Como funciona, objetivos... coisas assim. Saudações!
Claro! Lá no 360meridianos, fizemos uma auditoria de SEO no blog com uma agência e isso incluiu aspectos técnicos e conteúdo.
Alguns os textos tiveram que ser removidos do site porque não respondiam a nenhuma intenção de busca. Ou seja, não tinham sido feitos para serem achados no Google. Como essa é a forma que as pessoas consomem blogs hj em dia, não fazia sentido estar lá. Temos outros espaços pra isso, como a newsleter...
Obrigado!