José recebe pessoalmente os visitantes do Mae Klang Luang Coffee. É ele também quem seleciona, passa os grãos no moedor e serve o café arábica fresquinho aos clientes que esperam nas rústicas mesas de madeira dispostas no local. O produto cresce com o uso de técnicas orgânicas ali mesmo, na vila de Mae Klang Luang, uma pequena comunidade da etnia Karen descendente de povos nativos na Birmânia que migraram para o norte da Tailândia séculos atrás.
A vila, que fica dentro do Doi Inthanon National Park, nas proximidades de Chiang Mai, é um dos muitos exemplos de assentamentos tribais que foram beneficiados pelo Royal Project, um projeto idealizado pelo rei Bhumibol Adulyadej nos anos 1970 e que ajudou a transformar essa região do país.
José serve café a clientes na pequena loja em Mae Klang Luang Coffee
Hoje cobertos de flores e de plantações orgânicas dos mais diversos tipos, os campos que se estendem entre as idílicas montanhas do norte da Tailândia já foram muito diferentes. Até a segunda metade do século 20, a região conhecida como Triângulo Dourado, que abrange a área fronteiriça com o Laos e Myanmar, na província de Chiang Rai, era famosa pela produção de ópio e pela miséria de suas comunidades tribais.
Ainda que o consumo do narcótico tenha sido proibido no país nos anos 1950, estima-se que, em 1970, as tribos produziam juntas cerca de 200 toneladas de ópio por ano. A plantação de papoula e a extração de seu suco foi, por décadas, a principal fonte de renda dessas populações, mas a maior parte do lucro acabava nas mãos de traficantes, que deixavam para trás pobreza e o solo devastado pelas sucessivas queimadas usadas para abrir espaço de cultivo.
Foi durante uma visita a seu palácio de inverno que o rei resolveu investigar mais de perto essa situação. Ele se deu conta de que pequenas plantações de pêssego resistiam ao lado dos campos de papoula. A fruta, perfeitamente adaptada ao clima das montanhas, podia ser vendida a uma boa margem de lucro. Foi o gatilho para a criação do Royal Project, que consistia no incentivo à substituição das plantações de ópio pela produção de alimentos orgânicos e na recuperação do ecossistema devastado por anos de atividade predatória, criando assim uma fonte sustentável de renda, aumentando o lucro das famílias e livrando a população da dependência dos traficantes.
O primeiro centro de desenvolvimento do Royal Project foi implantado em Doi Ang Khang em 1969, com o objetivo de desenvolver e educar agricultores sobre técnicas de cultivo e conservação. O projeto foi expandindo para todo o norte e nordeste do país e hoje conta com 38 centros de desenvolvimento espalhados pelas províncias de Chiang Rai, Chiang Mai, Mai Hong Son, Lamphun e Phayao, além de programas de expansão para outras regiões da Tailândia.
Estima-se que cerca de 170 mil pessoas em 288 vilas foram beneficiadas pelo Royal Project. A agricultura ainda é o principal motor das economias locais, mas os incentivos relacionados ao projeto também foram aplicados no artesanato, saúde, educação, pesquisa, preservação de cursos d’água e revitalização de florestas.
Todos os produtos do Royal Project são certificados pelo controle nacional de qualidade e recebem um selo de identificação quando postos à venda. O governo oferece incentivo aos restaurantes que optam por utilizar os produtos, o que fortalece o projeto e desenvolve a economia local e garante o escoamento da produção.
Como visitar a Mae Klang Luang de carro ou a pé
O jeito mais fácil é de carro. Basta pedir para que um motorista em Chiang Mai te leve até lá. Mae Klang Luang está a apenas 80 quilômetros do centro da cidade.
Por estar localizada dentro do parque, muita gente costuma fazer junto com o bate-volta aos templos de Doi Inthanon, o ponto mais alto da Tailândia. A viagem, que é repleta de paisagens verdes e campos floridos, inclui um almoço em restaurantes participantes do projeto. Uma vez dentro do parque, você pode seguir até a vila de carro ou fazer uma trilha de 3 quilômetros até ela.
A trilha de Doi Inthanon até Ban Mae Klang Luang é exatamente o mesmo caminho que o ‘Pha Dok Siew Waterfall Nature-Exploring Path’. Isso significa que, para ir a Ban Mae Klang Luang a pé, você deve passar pela cachoeira Pha Dok Siew primeiro. Para isso, você também precisará de um guia local, que pode ser contratado em Ching Mai ou no parque.
Como visitar outras fazendas do Royal Project na Tailândia
Assim como o café de Mae Klang Luang, outras comunidades beneficiadas pelo Royal Project encontraram no turismo uma fonte alternativa de renda. De pequenas lojas para comprar e consumir os produtos cultivados nas comunidades até a venda de artesanato e a possibilidade de se hospedar em casas típicas – essa é uma oportunidade para viajantes que gostariam de ter contato mais próximo e aprender sobre a cultura, língua e modo de vida tribais. Ali você terá a chance de acordar em uma casa típica da região, com o aroma do café local e terá a chance de aprender algumas palavras em dialeto tribal com os moradores.
E se você é do tipo que adora colocar a mão na massa, algumas fazendas até oferecem workshops onde você pode aprender técnicas de agricultura sustentável. É um jeito incrível de entender o impacto positivo do Royal Project nas comunidades locais.
Por estarem localizadas em zonas rurais, muitas delas só são acessíveis de carro alugado ou tours privados de agências de viagem. Mas não se preocupe, visitantes em Chiang Mai não terão dificuldades em encontrar operadores que oferecem esse tipo de passeio.
E já que estamos falando de uma experiência tão única e fora do roteiro turístico tradicional, é super importante lembrar da segurança. Um bom seguro de viagem pode ser seu melhor amigo em aventuras como essa, cobrindo desde pequenos perrengues até situações mais sérias, como acidentes e doenças que podem acometer os viajantes em regiões mais remotas e rurais. Então, antes de pegar a estrada, dê uma olhada nos planos do Safety Wing, um seguro de viagem feito por nômades e para nômades e viajantes de longa data.
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