É você e o cursor piscante na tela em branco. À sós. Você já mudou a fonte e a trilha sonora três vezes, percorreu a timeline do Facebook outras quatro e foi à cozinha buscar um café quando se lembrou de que ainda não está pronto para começar. É preciso antes pesquisar sobre o contexto histórico da sua história, descobrir o funcionamento minucioso daquela máquina que será uma peça chave no enredo. E você não sente segurança no pano de fundo de seus personagens até agora. Será que eles são complexos o bastante?
Quando eu era adolescente, escrever era fácil. Histórias saiam sem nenhuma dificuldade nas páginas dos meus cadernos. Poesias tingiam de tinta colorida todas as minhas agendas. Eu colecionava diários e fanfics. Mas aí, aconteceu o pior: começaram a me elogiar. Professores, família, amigos. Todos pareciam gostar de ler o que eu escrevia. Até arrumei um namoradinho por causa dos meus textos. Eu percebi que podia ser boa naquilo. Travei. O que antes era uma diversão boba passou a ser uma obrigação. Eu morria de medo de escrever algo que as pessoas achassem ruim e que isso diminuísse a admiração delas. Durante anos, parei por completo.
Os anos passaram e com eles, diminuiu a vergonha. Mas, até hoje, de todas as atividades que eu preciso desenvolver no dia a dia, escrever é a que mais me custa começar. E nessa lista eu incluo a ida à academia. Por obrigação profissional, escrevo todos os dias. Ainda assim, meus projetos pessoais de escrita são constantemente jogados para o final da lista de afazeres. Repetem-se ali semana após semana, desculpa após desculpa. “Não dormi bem hoje”, “Preciso fazer essa outra coisa aqui antes”, “Quando eu terminar isso terei mais tempo para escrever com tranquilidade”. E nessa, meus contos, crônicas, posts mais trabalhosos e criativos e projetos de livros nunca ganham vida.
Resistência: como lidar com ela?
O diagnóstico desse problema de procrastinação crônica de tarefas específicas veio há alguns anos, em um curso de empreendedorismo criativo. É a Resistência. Ou em outras palavras, aquela vozinha que aparece dentro da gente como quem não quer nada e nos enche de argumentos pra gente não fazer alguma coisa. Sabe aquela parte chata da nossa cabeça que vive colocando obstáculos nas coisas, que sempre acha que é melhor esperar o momento certo para começar e que tenta te convencer que você não precisa fazer hoje o que pode ser feito amanhã. Pois bem, essa é a resistência.
Ela faz parte de você, mas você não é a resistência. Ela é exagerada, pessimista, preguiçosa e insistente. Infelizmente, não tem como mandá-la embora, mas dá pra lidar com ela de vez em quando atacando nossos próprios medos e inseguranças. E ela tem um grande carinho pelos projetos mais importantes pra gente e, por isso mesmo, os que nos dão mais frio na barriga. A gente se recusa a começar porque temos medo de ter que lidar com o fracasso.
E só existe uma forma de domar a resistência: resistir de volta. Saber identificar suas artimanhas e evitar cair nelas é um bom começo. É por isso que tanto autor estabelece um horário fixo para escrever todos os dias. Porque aí não tem desculpa, é sentar e escrever. Eu que, além de tudo, também administro uma empresa, tenho a tendência de passar tarefas burocráticas na frente das criativas. Aí já viu né? É passar o dia respondendo emails, resolvendo pepino, organizando tarefas e, no final, não sobra espaço para criar. Resolvo isso parcialmente organizando uma lista de tarefas semanais, mas ainda preciso melhorar muito.
Por falar em lista, uma forma bem legal de enganar a resistência é dividindo o projetão em pequenas tarefas nada assustadoras. Na escrita, isso pode significar escrever uma sinopse de uma linha e depois expandir a sinopse para um parágrafo. A partir dele, criar um rascunho de uma página, e assim por diante. O truque é definir pequenos progressos que você consiga ver conquistados no final do dia.
E vocês, têm alguma fórmula mágica para lidar com a resistência?
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Comecei a ler seus artigos, posts ali no Linkedin. Me encantei. Sua escrita é bonita, verdadeira, natural – o que quer dizer que lemos com facilidade e nem imaginamos os requintes para esse objetivo ser alcançado (apenas quem tb escreve pode imaginar). Vou continuar e agradecer a você por não desistir e vencer a resistência! Parabéns!
Oi Luíza! Que legal! fico feliz que tenha gostado e mais feliz ainda que vc veio do Linkedin! Só recentemente comecei a usar a rede e ainda estou aprendendo a me virar por lá!
Um grande abraço!