Você já sentiu uma vontade imensa de fazer algo que realmente tenha um impacto positivo no mundo? Bom, eu já. E mais ou menos desde que me entendo por gente e percebi minha posição na sociedade. Eu sei que a vontade de transformar nossa realidade, contribuir com a comunidade, ou até de ser aquela faísca que inspira mudanças maiores está aí pra muita gente, mas acabamos meio perdidos, sem saber por onde começar.
Pensando nisso, preparei uma lista especial com 10 livros que trazem perspectivas diversas sobre como a gente pode contribuir para um mundo mais justo, sustentável e acolhedor.
São reflexões sobre a natureza, sobre a sociedade e guias práticos sobre engajamento político e social. Essas obras são algumas fontes de inspiração e ação para quem se importa!
Espero que essa seleção seja tão inspiradora para você quanto foi para mim!
Encorajo você a procurar por livros nos sebos e pequenas livrarias do seu bairro e cidade. No entanto, se for optar por fazê-lo pela internet, eu recebo uma pequena comissão das vendas feitas a partir dos links abaixo. Boa leitura!
1. Ideias para Adiar o Fim do Mundo – Ailton Krenak
Ideias para Adiar o Fim do Mundo, do líder indígena Ailton Krenak, é uma reflexão sobre os caminhos que nós, enquanto humanidade, temos seguido em relação ao meio ambiente, à cultura e à espiritualidade. Com a voz potente que lhe é característica e visão ancorada na filosofia dos povos originários,
Krenak desafia o leitor a questionar os conceitos de progresso e desenvolvimento, mostrando que o modo de vida desconectado da natureza é um dos principais fatores que levam o planeta à destruição. Ele propõe, como alternativa, uma reconexão com a Terra e a valorização de um modo de vida mais harmônico, essencial para adiar ou evitar o fim do mundo.
Além desse livro, Krenak também escreveu A Vida Não é Útil, onde expande essa crítica ao mundo moderno com uma reflexão sobre a necessidade de valorizar a vida em todas as suas formas, e O Amanhã Não Está à Venda, focado em questões de sustentabilidade e resistência. Esse último está disponível de forma gratuita aqui.
2. Pequeno Manual Antirracista – Djamila Ribeiro
O Pequeno Manual Antirracista, de Djamila Ribeiro, se consolidou como uma leitura mais que essencial para entender e combater o racismo de forma prática e cotidiana. Com uma linguagem acessível e direta, o livro apresenta dez capítulos curtos e objetivos sobre temas fundamentais, como a branquitude, privilégios, políticas de identidade, violência racial e a importância do lugar de fala.
Djamila Ribeiro é uma das vozes mais influentes do ativismo antirracista no Brasil e, nesse livro, ela desafia o leitor a refletir sobre comportamentos que podem estar enraizados em sua vida. Só assim, segundo ela, é possível adotar uma postura ativa contra o racismo.
Outras obras importantes da autora são O Que é Lugar de Fala? e Quem Tem Medo do Feminismo Negro?.
3. Se quiser mudar o mundo: Um guia político para quem se importa – Sabrina Fernandes
Se quiser mudar o mundo: Um guia político para quem se importa, de Sabrina Fernandes, convida os leitores a entender como a política pode ser uma ferramenta de transformação social.
Sabrina, socióloga, ativista e ex-youtuber à frente do canal Tese Onze, aborda temas como engajamento cívico, mobilização social e as dinâmicas do poder na sociedade contemporânea.
O livro destaca também a importância de entender o funcionamento das estruturas políticas e econômicas para agir de forma mais eficaz rumo à mudança. É preciso analisar como o sistema político afeta as nossas vidas, para, assim, enxergar os caminhos para transformar essa realidade, além de pensar criticamente sobre as causas e práticas que apoiamos.
Sabrina é uma das vozes mais influentes do pensamento de esquerda no Brasil, e seu trabalho busca politizar e mobilizar o público para que compreenda o papel fundamental que cada indivíduo tem na construção de uma sociedade mais justa e democrática.
4. Sejamos todos feministas – Chimamanda Adichie
Sejamos Todos Feministas, de Chimamanda Ngozi Adichie, é um ensaio adaptado do famoso TED Talk da autora sobre o que significa ser feminista no mundo de hoje. Com uma linguagem bastante acessível, Chimamanda apresenta questões de igualdade de gênero e desafia estereótipos sobre o tema, trazendo sua experiência pessoal como uma mulher nigeriana para a discussão.
Adichie argumenta que o feminismo é necessário para homens e mulheres, pois promove uma sociedade mais justa e igualitária para todos. Para a autora, os papéis de gênero restritivos afetam negativamente ambos os gêneros. Ela também incentiva o leitor a repensar atitudes e crenças, muitas vezes inconscientes, que sustentam essas desigualdades.
Além de Sejamos Todos Feministas, Adichie também escreveu Para Educar Crianças Feministas, um guia em forma de carta que traz reflexões e conselhos sobre como criar a próxima geração para valorizar a igualdade e a liberdade individual.
5. Como as democracias morrem – Steven Levitsky e Daniel Ziblatt
Em um mundo onde o autoritarismo ganha terreno até mesmo em países considerados democráticos, Como as Democracias Morrem oferece um alerta sobre os sinais de erosão democrática. Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, professores de Harvard e especialistas em política comparada, exploram os mecanismos muitas vezes sutis e invisíveis a olho nu – que fazem com que democracias se enfraqueçam e acabem.
Eles examinam casos históricos e atuais de nações onde a democracia sucumbiu a líderes autoritários, algumas vezes sob o disfarce de “restauradores da ordem”. Levitsky e Ziblatt explicam como o enfraquecimento das normas institucionais, a polarização extrema e a manipulação dos sistemas judiciais e eleitorais minam os alicerces da democracia, afastando-a do ideal de governo pelo povo.
Além de analisar esses problemas, o livro também se propõe a ser um chamado à ação para preservar as liberdades democráticas, uma vez que cidadãos e instituições precisam estar alertas e comprometidos com a defesa dos princípios democráticos, enfrentando ameaças antes que se tornem irreversíveis.
6. As veias abertas da América Latina – Eduardo Galeano
Essa é uma daquelas obras clássicas que todo mundo tinha que ler na escola! Infelizmente isso não acontece, e eu mesma só li depois de adulta. Outro dia, trombei com um texto que escrevi na época e resolvi que esse livro, apesar de antigo, também merece um lugar aqui.
Nele, Eduardo Galeano tenta traçar um panorama da história de exploração e opressão na América Latina, através de uma análise das relações entre os países da região e potências estrangeiras. Para isso, o autor aborda como o colonialismo e o imperialismo desenharam uma história de saques e desigualdades.
Em seu estilo poético e direto, Galeano vai além dos dados históricos, dando voz aos povos e culturas afetados pela exploração de recursos naturais, do ouro e da prata ao petróleo e ao café.
O livro ajuda a tornar visíveis as conexões entre as práticas de exploração do passado e os desafios sociais e econômicos que afetam a América Latina até hoje. Para ele, essas “veias abertas” continuam a drenar as riquezas e potencialidades da região, em benefício de outros países e das elites locais, trazendo reflexões que continuam relevantes para entender o papel das relações internacionais e da economia global.
7. A Sobrevivência dos Vagalumes – Georges Didi-Huberman
Inspirado pela imagem delicada e simbólica dos vagalumes, o filósofo Georges Didi-Huberman cria, em A Sobrevivência dos Vagalumes, uma metáfora sobre resistência e esperança. Na obra, o autor reflete sobre como esses pequenos pontos de luz que brilham brevemente na escuridão podem representar a persistência da cultura, da arte e dos gestos de resistência mesmo nos tempos sombrios da história da humanidade.
Didi-Huberman revisita a visão de Pier Paolo Pasolini, que via nos vagalumes uma imagem do que se perdeu com a modernidade e o avanço de um sistema que sufoca o espírito crítico e a liberdade. Para Pasolini, o desaparecimento dos vagalumes era sinal da extinção dos ideais revolucionários e da capacidade humana de brilhar diante das adversidades.
Didi-Huberman, porém, inverte essa visão: para ele, mesmo sob forte opressão, há sempre pequenas luzes de resistência que insistem em aparecer, como os vagalumes, mostrando que a esperança e a luta nunca desaparecem completamente.
Eu já escrevi uma resenha mais completa aqui.
E você pode encontrar o livro aqui.
8. A Elite do Atraso: Da Escravidão à Lava Jato – Jessé Souza
Jessé Souza tenta desvendar as engrenagens da desigualdade no Brasil no livro A Elite do Atraso: Da Escravidão à Lava Jato. Desafiando narrativas tradicionais sobre as causas e a perpetuação das injustiças sociais no país, ele argumenta que a desigualdade e a corrupção não são meros problemas de caráter individual ou moral, mas partes de um sistema que historicamente beneficia uma elite, desde os tempos da escravidão até hoje.
Souza analisa como as elites brasileiras utilizam a pobreza e o racismo como ferramentas de controle social, mantendo privilégios e manipulando as instituições. Ao examinar episódios recentes, como a operação Lava Jato, o autor critica como o discurso anticorrupção é instrumentalizado para garantir o poder das elites enquanto responsabiliza seletivamente alguns e deixa outros intocados.
Para Souza, é essa continuidade histórica de exclusão que impede o desenvolvimento de um país mais justo.
9. Esperança Ativa: Como Encarar o Caos em que Vivemos sem Desistir – Joanna Macy e Chris Johnstone
Diante de um mundo em crises constantes e múltiplas, Esperança Ativa oferece uma nova forma de entender e praticar a esperança. Os autores redefinem a esperança não como um sentimento passivo, mas como um compromisso ativo com a transformação, garantindo que é possível enfrentar a destruição ambiental e as injustiças sociais sem perder o ânimo.
Para isso, eles apresentam práticas e reflexões que ajudam o leitor a se conectar com o propósito e a resiliência. A obra aponta caminhos para transformar sentimentos de dor e impotência em força e ação, por meio de exercícios de gratidão e técnicas para sustentar a energia que dedicamos ao ativismo, não para ignorarmos o caos ao redor, mas para transformá-lo em combustível para a mudança.
10. Como Mudar o Mundo: Empreendedores Sociais e o Poder das Novas Ideias – David Bornstein
Você acredita que ideias podem mudar o mundo? Neste livro de David Bornstein, o autor conta histórias inspiradoras de pessoas que desafiaram as expectativas para resolver problemas sociais complexos. A obra destaca como ações locais e inovadoras podem gerar grandes mudanças e são capazes de influenciar comunidades inteiras e até mesmo políticas públicas.
Bornstein narra a trajetória de empreendedores sociais em diferentes partes do mundo e demonstra como cada um deles usou criatividade, coragem e determinação para impactar áreas como saúde, educação, meio ambiente e inclusão social.
11. O Bem-Viver: Uma Oportunidade para Imaginar Outros Mundos – Alberto Acosta
Neste livro, Alberto Acosta apresenta uma alternativa possível ao modelo de desenvolvimento capitalista. Com base nos conceitos dos povos originários andinos, o “bem viver” propõe uma visão de mundo centrada no equilíbrio entre ser humano, comunidade e natureza, em contraste com a lógica de exploração e lucro predominante na sociedade ocidental.
Acosta propõe o bem viver como uma filosofia que valoriza a harmonia, o respeito e a sustentabilidade, onde o objetivo não é apenas o crescimento econômico, mas o bem-estar integral das pessoas e do planeta. Essa ideia se reflete em diversas áreas, como economia, política e direitos da natureza, e oferece uma esperança para um novo futuro e para o enfrentamento dos desafios globais, como as mudanças climáticas e a desigualdade social.
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Leituras fabulosas e fortes. Realmente, os livros tem essa capacidade.
Boa semana!
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