Atenas: Atrações alternativas e vida nortuna para curtir a cidade

Quando você pensa em Atenas, o que vem à cabeça? Filosofia? Ruínas milenares? Um mar de pedras banhadas por sol? Tudo isso está lá, é verdade, mas fica ainda mais interessante quando você descobre que a capital grega é muito mais do que um museu a céu aberto. Nesse texto, vou contar para vocês sobre as atrações alternativas de Atenas e um pouco de sua vida noturna.

A poucos quarteirões da Acrópole, uma cidade viva pulsa com uma intensidade que surpreende até os viajantes mais calejados. E à noite, essa mesma cidade revela seu lado mais underground, político e inesperado. Foi isso que descobri em um passeio pelo bairro de Exarchia, onde o presente e o passado se encontram em forma de arte, gastronomia, resistência e festa.

Atrações alternativas de Atenas

1. Exarchia: Um bairro onde política e cultura andam juntas

Exarchia (ou Exarcheia) é uma vizinhança histórica, conhecida como reduto de estudantes, artistas, intelectuais e anarquistas. Por ali, cafés, livrarias, galerias e restaurantes funcionam como centros culturais e de mobilização política. Não é exagero dizer que o bairro tem alma de luta.

Foi em Exarchia que, em 1973, estudantes da Universidade Politécnica se trancaram no campus para protestar contra a ditadura militar. A repressão foi violenta: tanques invadiram a universidade. Mas o movimento ajudou a derrubar o regime, e desde então a área se tornou símbolo de resistência e solidariedade em Atenas.

Hoje, o espírito comunitário segue firme: centros culturais oferecem aulas gratuitas de idiomas, yoga e música; moradores e ativistas se revezam em tarefas como cozinhar em restaurantes comunitários, limpar as ruas e organizar eventos sociais. E mesmo com a crescente especulação imobiliária e as tentativas de “limpar” o bairro, Exarchia resiste.

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2. Vida noturna: O melhor da noite ateniense começa fora do circuito turístico

Se você busca a típica noite grega com danças tradicionais, pode até encontrar, mas o mais surpreendente está fora do óbvio. Um bom começo é a rua Protogenous, no centro da cidade. Durante o dia, ela abriga lojinhas de design e ateliês. À noite, bares e cafés recebem uma mistura deliciosa de locais e visitantes.

Ali fica o Crust, uma pizzaria que, após o expediente, transforma-se secretamente em balada, basta entrar pela porta lateral. Perto dali, o restaurante Avli engana pela aparência simples, mas serve uma das melhores almôndegas que já comi na vida. Um lugar que parece de família, do tipo que te acolhe logo na chegada.

Um dos lugares mais curiosos é o Booze Cooperative, um bar anarquista decorado com temática de frango (“Kots”, em grego) e que também funciona como galeria de arte e centro político-cultural. O espaço abriga o fictício “Partido Político para os Fumantes pelas Artes” criado ironicamente para contestar a lei antifumo na cidade.

Mas quem rouba a cena mesmo é o Batman. O nome é esse mesmo, e a fachada não revela o que acontece lá dentro. Simples, escondido num bairro residencial, ele é o tipo de boteco onde a mágica acontece por volta das 11 da noite: é só pedir um Campari, esperar, e testemunhar um coro de gregos bêbados cantando clássicos com uma intensidade que só se compara ao brasileiro entoando “Evidências” no karaokê.

Muitos desses lugares aceitam cartão, mas é sempre bom ter uma opção sem taxas. Eu uso o Wise em todas as minhas viagens. Ele converte moeda com cotação real e ainda funciona como débito. Abra sua conta gratuitamente aqui.

3. Kerameikos: de zona industrial a polo criativo

A madrugada pode terminar no bairro de Kerameikos, uma antiga área industrial onde fábricas deram lugar a casas noturnas, bares e restaurantes. Foi lá que encontrei, quase por acaso, um festival de comida de rua organizado pelo coletivo This is Athens. Eles promovem mais de 100 eventos por ano, com gastronomia, arte e música espalhados por diversos pontos da cidade tudo gratuito ou acessível. Para saber da agenda, basta acessar o site deles.

Eventos como esse ajudam a construir a imagem de uma Atenas contemporânea, vibrante e plural. Uma cidade que honra sua história milenar sem abrir mão de ser palco de novas formas de arte, encontros e utopias possíveis.

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4. Arte de rua em Atenas

Ao caminhar pelos bairros de Exarchia, Psiri, Kerameikos ou mesmo pelas vielas próximas à Praça Monastiraki, é impossível não notar os muros cobertos de grafites, lambe-lambes e pichações. E essa é uma linguagem política, uma espécie de jornal mural da juventude grega, onde se misturam críticas ao governo, à austeridade, à brutalidade policial, ao turismo massivo e às injustiças sociais.

Essa força visual explodiu especialmente após a crise econômica de 2008 e os protestos massivos que se seguiram. Durante anos, a cidade viveu um estado quase permanente de revolta. E os muros acompanharam isso. A arte virou forma de sobrevivência e expressão.

O bairro mais icônico nesse sentido é Exarchia. Lá, muitos murais homenageiam Alexandros Grigoropoulos, o jovem de 15 anos assassinado por um policial em 2008 e cuja morte deu origem a um levante popular. Outros exaltam figuras anarquistas, poetas, refugiados ou mártires históricos.

Nos últimos anos, artistas internacionais também passaram a deixar suas marcas em outras partes da cidade, como WD (Wild Drawing), que mistura crítica social e fantasia surrealista, e INO, conhecido por seus murais em preto e branco que tocam em temas como vigilância, poder e liberdade.

Quer ver tudo isso de perto?

Se quiser mergulhar nessa cena, vale procurar um street art tour por Atenas, muitos são guiados por artistas ou jornalistas locais que conhecem as histórias por trás de cada traço.

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