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Viagem

The White Lotus: o lado invisível das férias paradisíacas

March 14, 2025March 14, 2025 Natália Becattini Leave a comment

Algumas memórias empalidecem com o tempo e são poucas as lembranças que tenho vívidas de Bali. Estive lá uma única vez, há 13 anos, durante minha volta ao mundo, e me hospedei em um chalé de dois andares na praia de Ulu Watu, com paredes de madeira rústica e porta de vidro, um banheiro conceitual a céu aberto e uma piscina compartilhada com os outros quatro ou cinco chalés da propriedade, que se espalhavam por um terreno gramado e cheio de árvores.

Encontramos esse lugar por acaso, enquanto caminhávamos pelas ruas de terra em busca de um local para ficar. Meu grupo havia reservado um hostel para os primeiros dias, mas tentávamos encontrar algo mais barato para terminar nossa longa temporada na ilha.

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Pagamos exatos R$ 14 (sim, reais) pela noite no Satria Bungalow, uma pousada digna de ser destaque no AirBnb, construída por um morador dali que via no boom do turismo na ilha uma oportunidade de ganhar a vida. Essa foi, de longe a melhor estadia de toda a viagem, que durou 10 meses e passou por 14 países com um orçamento que, em muitos outros lugares, só nos permitiu passar a noite em quartos de hotel que pareciam cenário de um programa True Crime.

Pousada em Ulu Watu, Bali
Saudades, Satria Bungalow

Quase que diariamente, percorríamos à pé, pelo acostamento da estrada, os quase 4 quilômetros entre a pousada e a praia de Padang Padang, nossa favorita na região. No caminho, muitas obras enormes – gigantescas – em andamento. Nos tapumes que tapavam a vista das falésias de Ulu Watu, logos de redes internacionais anunciavam a chegada de grandes resorts de luxo na ilha, um processo que já estava bastante avançado em outra regiões, mas que até aquele momento havia poupado a costa sul.

Entre as poucas coisas que me lembro de Bali, estão o dia que, olhando uma dessas construções, eu disse: “Isso aqui em breve não será mais a mesma coisa”. Cinco anos depois, minha irmã foi fazer um intercâmbio na Austrália e aproveitou a boa oferta de voos para passar as férias na ilha. Quando contei das minhas lembranças da vila simples e rústica, ela disse: “Já não é mais assim”.

as-fotos-da-ciber-shot-2010-ficara-otimas.jpg

Entre turistas brancos do primeiro mundo, Bali sempre foi vendida como um refúgio espiritual, um paraíso tropical onde o tempo passa devagar, o lugar perfeito para estrangeiros que buscam uma conexão com a natureza incompatível com a modernidade de suas metrópoles cosmopolitas.

Os enormes cafés de Ubud estão cheios de iogues fazendo incontáveis saudações ao sol e influenciadores em busca do pôr do sol perfeito em piscinas infinitas. Por trás das fotos, uma outra realidade se desenrola – invisível para quem está só de passagem.

Vilarejos tradicionais, onde famílias vivem há gerações, são engolidos pelo avanço da hotelaria de alto padrão. Casas simples dão lugar a empreendimentos de luxo, e o custo de vida dispara.

O que antes era um estilo de vida acessível, baseado na terra e na comunidade, agora se torna insustentável para os próprios moradores. Muitos não têm escolha a não ser aceitar empregos no setor turístico – trabalhos que exigem longas jornadas e oferecem salários que mal cobrem os custos básicos, forçando-os a morar cada vez mais longe das zonas que, no mundo ocidental, são tidas como exóticas e paradisíacas, mas que um dia foram nada mais que suas casas.

The white lotus e o turismo predatorio

O turismo, que poderia – e deveria ser! – uma fonte de oportunidades, acaba se tornando um mecanismo de exclusão. Os visitantes pagam diárias cotadas em euros e dólares em resorts que se apresentam como “eco-friendly” ou “culturais”, mas os moradores locais não se beneficiam dessa riqueza. O dinheiro circula entre grandes redes hoteleiras, investidores estrangeiros e empresários que pouco têm a ver com a ilha além do lucro.

O que acontece em Bali não é um caso isolado. Destinos turísticos ao redor do mundo passam pelo mesmo fenômeno: gentrificação disfarçada de progresso. O turismo, quando mal gerido, pode se tornar uma forma moderna de colonialismo econômico, onde os locais perdem espaço em suas próprias terras e as tradições se transformam em um espetáculo montado para entreter forasteiros.

Padang Padang, Bali

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  • The White Lotus e o colonialismo em forma de turismo
  • Mas se esse modelo de turismo é problemático, como viajar sem reproduzi-lo?

The White Lotus e o colonialismo em forma de turismo

Comecei a assistir a terceira temporada de The White Lotus, e dessa vez o cenário é a Tailândia – outro destino de sonhos para muita gente. Com leis mais rígidas para a exploração comercial em suas terras que a Indonésia – estrangeiros não podem adquirir propriedades na Tailândia – o lugar ainda assim apresenta muitas semelhanças com esse e outros destinos turísticos do chamado mundo em desenvolvimento.

Além da trama intricada, dos personagens tão detestáveis quanto cômicos e dos cenários que fazem qualquer um sonhar com entrar-em-um-avião-pra-qualquer-lugar-agora-mesmo, a série retorna ao streaming da HBO fazendo o que faz de melhor: escancarar o lado sombrio e muitas vezes hipócrita do turismo de luxo, expondo a tensão entre viajantes ricos e moradores locais.

Nas três temporadas, a trama se desenvolve a partir do conflito entre dois núcleos de personagens. De um lado, os hóspedes do resort, americanos ou europeus brancos e sempre com muito dinheiro para torrar.

De outro, os funcionários do resort, moradores locais que enfrentam questões muitas vezes causados pela própria presença do empreendimento hoteleiro ali: é o caso da primeira temporada, quando um jovem havaiano lida com a frustração de ter que trabalhar no local construído em terras que um dia foram de seu povo, mas que hoje foram reduzidas a um produto de luxo, inacessível para quem nasceu ali.

E isso não acontece só na ficção. Quem aí se lembra do escândalo viral de um resort em San Marcos La Laguna, na Guatemala? Conhecido como um refúgio espiritual para estrangeiros em busca de retiros de yoga e meditação às margens do Lago Atitlán, o lugar ganhou visibilidade nas redes sociais após a divulgação de um video no TikTok, que mostrava o dia a dia na comunidade. Entre as inúmeras atividades vibes-tilelê-de-primeiro-mundo a única guatemalteca que aparece na publicação é aquela que serve o café da manhã para a influenciadora.

Em uma review deixada na página do resort no TripAdvisor, uma das turistas afirmou: “Para um grupo que se diz consciente, eles estão causando muito dano ao deslocar as comunidades que historicamente habitaram a região. Não é preciso muito para perceber que os únicos guatemaltecos presentes são aqueles que os servem. Se você quer fazer um retiro, pode fazê-lo em algum lugar onde as pessoas, que já têm poucos recursos, não percam suas casas por causa disso.”

Resort na guatemala

Quando nossas viagens passam a ser baseadas no consumo de culturas exóticas, sem uma real interação com os moradores, quando empreendimentos de luxo privatizam praias que antes eram de livre acesso e empresas internacionais controlam a maior parte dos lucros, deixando pouco para a economia local, a indústria turística transforma populações inteiras em meros prestadores de serviço, muitas vezes sem oportunidades reais de ascensão.

The White Lotus joga luz nisso de forma sagaz, ao mostrar como os funcionários dos resorts, que carregam traumas, frustrações e dificuldades, convivem com os turistas que relaxam em suas férias sem perceber o impacto que deixam para trás.

Mas se esse modelo de turismo é problemático, como viajar sem reproduzi-lo?

É preciso ter consciência de que cada escolha que fazemos na estrada tem um impacto: onde nos hospedamos, onde gastamos nosso dinheiro, como interagimos com a cultura local.

Para mitigar esse impacto, ou até mesmo torná-lo positivo, proponho algumas ações:

  • Prefira hospedagens locais em vez de redes internacionais.
  • Gaste seu dinheiro em restaurantes e experiências administradas por moradores.
  • Seja adepto, defensor e divulgador de iniciativas de Turismo de Base Comunitária.
  • Informe-se sobre os desafios sociais e culturais do destino antes de viajar.
  • Busque interações genuínas com a comunidade e apoie iniciativas que beneficiem os locais.

Ao nos tornamos conscientes dos problemas causados pelo turismo, não precisamos deixar de viajar. Mas devemos, sim, nos comprometer com escolhas que respeitam e fortalecem os lugares que visitamos

E você, já sentiu essa contradição ao viajar? Como lida com isso? Me conta nos comentários! 😊

Eu te ajudo a cair na estrada também!

Nos links abaixo há alguns serviços que eu utilizo e que me ajudam muito em minhas viagens.

  • Desconto de 10 dólares no Worldpackers com o cupom NATYBECATTINI
  • Cartão de débito multi-moeda da Wise
  • Tudo que eu levo comigo na mochila
  • Seguro de viagem para nômades digitais
BaliPolíticaThe White LotusTurismo de Base ComunitáriaTurismo Sustentável

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Jornalista, Escritora, Nômade

Há 12 anos eu viajo o mundo, conto histórias e provo cervejas locais. Aqui você lê sobre minhas viagens e sobre escrita, jornalismo e produção de conteúdo.

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